Entenda os principais direitos das pessoas com autismo e como garantir o acesso a uma vida mais digna e inclusiva

Antes de mais nada, a luta pela inclusão das pessoas com autismo no Brasil tem avançado nas últimas décadas, especialmente por meio da criação de leis específicas que garantem direitos fundamentais. Ainda assim, muitos familiares, cuidadores e até profissionais da saúde e da educação desconhecem essas normas — e, por isso, milhares de famílias acabam não tendo acesso ao que é garantido por lei.

Neste artigo, você vai conhecer as principais leis que protegem os direitos dos autistas no Brasil, bem como, orientações práticas para colocar esses direitos em ação e fortalecer o cuidado e a qualidade de vida das pessoas no espectro autista.

Leis para Autistas no Brasil.

📜 1. Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012)

➤ O que diz a lei:

Aprovada em 2012, a Lei Berenice Piana instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ou seja, a norma reconhece que a pessoa com autismo possui os mesmos direitos das demais pessoas com deficiência, incluindo:

  • Atendimento multiprofissional na saúde;

  • Inclusão escolar com suporte especializado;

  • Acesso ao mercado de trabalho;

  • Estímulo à autonomia e à convivência familiar e comunitária.

➤ Como usar a favor da família:

A Lei garante prioridade no atendimento em serviços públicos e privados, desde que o autista esteja identificado com laudo médico e carteira de identificação. Assim, isso se aplica em locais como bancos, hospitais, repartições públicas, escolas e transporte coletivo.

🏥 2. Lei Romeo Mion (Lei nº 13.977/2020} – Carteira de Identificação da Pessoa com TEA (CIPTEA)

➤ O que é a CIPTEA:

A Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista foi criada para garantir o acesso prioritário e os direitos da pessoa autista de forma mais eficiente. A carteira deve ser emitida gratuitamente pelos estados e municípios.

➤ Como emitir:

Basta apresentar um laudo médico com CID, foto 3×4 e documento de identidade na Secretaria Municipal ou Estadual de Saúde. Com a CIPTEA, o acesso à prioridade é mais rápido e evita constrangimentos em estabelecimentos públicos e privados.

🎓 3. Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015)

➤ Também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, essa lei amplia os direitos das pessoas com deficiência, incluindo autistas.

Dentre os principais pontos:

  • Proibição de cobrança adicional em mensalidades escolares;

  • Garantia de acessibilidade e adaptação curricular;

  • Direito a acompanhante especializado na escola (se necessário);

  • Penalidades para práticas discriminatórias.

➤ Como a escola deve agir:

A instituição de ensino tem a obrigação legal de adaptar seu conteúdo, ambiente e práticas pedagógicas. Caso haja descumprimento, então, é possível denunciar ao Ministério Público ou à Secretaria de Educação.

💼 4. Lei nº 8.742/1993 – Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)

➤ O que é o BPC:

É um benefício assistencial no valor de um salário mínimo pago a pessoas com deficiência — incluindo autistas — de baixa renda, mesmo sem nunca terem contribuído com o INSS.

➤ Quem pode receber:

  • Autista com comprovação de impedimento de longo prazo (laudo);

  • Renda familiar inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa.

O pedido pode ser feito online no site ou aplicativo Meu INSS.

🚘 5. Direito à Isenção de Impostos na Compra de Veículos

Autistas têm direito à isenção de IPI, IOF, ICMS e IPVA na compra de veículos novos, desde que utilizados para o transporte da pessoa com TEA.

➤ Documentos necessários:

  • Laudo médico com CID;

  • Comprovação de que o carro será usado para o transporte do autista;

  • Documentos do responsável legal (no caso de menor de idade).

Esse benefício reduz significativamente o valor do veículo, e deve ser solicitado nas secretarias da fazenda estadual e federal.

💡 6. Prioridade no Atendimento e no Transporte

Além da Lei 12.764/2012, leis estaduais e municipais também garantem:

  • Gratuidade ou desconto no transporte público;

  • Prioridade em filas de supermercados, bancos, hospitais e farmácias;

  • Sinalização com o símbolo do TEA (laço com estampa de peças de quebra-cabeça) em placas de prioridade.

 
 

⚠️ Atenção: como garantir esses direitos na prática

Apesar de existirem boas leis, muitas vezes o acesso é dificultado por desconhecimento ou falta de informação. Veja o que fazer:

  • Sempre mantenha atualizado um laudo médico com CID F84.0 (autismo infantil) ou F84.5 (Síndrome de Asperger);

  • Solicite a CIPTEA no seu município;

  • Exija o cumprimento da inclusão escolar com suporte adequado;

  • Busque orientações com advogados especializados em direitos da pessoa com deficiência ou defensorias públicas, se necessário;

  • Denuncie descumprimentos ao Ministério Público ou Conselhos de Direito da Pessoa com Deficiência.

Conclusão: Informação é poder

Assim, conhecer as leis para autistas no Brasil é essencial para garantir os direitos da pessoa com TEA e proporcionar mais dignidade, respeito e qualidade de vida para toda a família. Definitivamente, é papel da sociedade, das escolas, das empresas e do poder público fazer valer essas leis, mas cabe a cada um de nós cobrar e se informar.

Afinal, inclusão não é um favor — é um direito.

Foto de Ludmila Tenuta

Ludmila Tenuta

Dra. Ludmila Tenuta é psicóloga clínica infantil, especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), mestre em Psicologia e atua como terapeuta ABA há mais de 10 anos.

Facebook
X
LinkedIn
WhatsApp
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
plugins premium WordPress
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x